sábado, 23 de fevereiro de 2008

"In one word, emotion"



There Will Be Blood, Paul Thomas Anderson:

Sublime, perturbador, genial.

(ainda demasiado extenuado para me poder alongar; vão ser necessárias mais visualizações)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008


A todos os que esperaram pacientemente por nós (sarcasmo), estaremos de volta brevemente.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Mãe e Filho, de Aleksandr Sokurov, 1997

O primeiro plano de "Mãe e Filho" mostra-nos os rostos assombrados de um homem e de uma mulher, numa imagem profundamente alterada (na côr e nos contornos) pela especial escolha de lentes de Sokurov. São, obviamente, a mãe e o filho que dão o título à obra. Ela, apenas intermitentemente acordada, está moribunda, a cor do seu rosto não o engana. O seu filho acompanha-a na agonia, penteando-lhe os cabelos, lendo-lhe velhos postais, carregando-a pelos campos, espreitando ansiosamente os seus silêncios, temendo o inevitável. Nada mais se passa neste melancólico olhar de Sokurov sobre a relação maternal e a mortalidade, e mais não seria necessário. A câmara explora incisivamente a solidão a que os dois estão votados, numa aldeia algures na vastidão siberiana, por vezes "opressiva", como a mãe a classifica, e é fácil entender essa opressão escutando o ulular quase omnipresente do vento, o requebro das árvores e das searas, o zumbido dos insectos, e observando a fragilidade dos dois corpos vergados por uma súbita rajada do temporal. Este desvelo pelo pormenor traz à memória "Days of Heaven", de Terrence Malick, mas não haja dúvida que os dois filmes estão nos antípodas: este explora o cinzentismo e a frieza de uma paisagem que nos é apresentada, pela distorção estudada da imagem, com qualidades pictóricas impressionistas. É talvez o reflexo anímico da Mãe e do Filho, impotentes perante a morte. A solidão é quebrada apenas pelo comboio que atravessa a planície, e pelo veleiro, já perto do fim, únicos sinais de um mundo exterior à sua intimidade.

Esta caminhada para o desaparecimento é, naturalmente, dificil de assistir sem (felizmente) conjurar penosas reflexões existenciais. O que, juntamente com a beleza agreste e a originalidade formal do filme, tornam o visionamento quase uma epifania, uma viagem onírica pelo sofrimento, tornado Arte.

P.S: Descobrimos que o estilo visual do filme é inspirado no pintor alemão Caspar David Friedrich.

Pruridos e dor de cotovelo...

Passamos a explicar: o propósito deste post é o European Film Festival, a decorrer no Estoril desde dia 8 deste mês, e com fim agendado para dia 17. A razão para este post tão extemporâneo é previsível: os nossos planos para assistirmos a pelo menos um fim de semana do festival saíram logrados, como de costume, pela fraca (inexistente?) cooperação paterno-materna... Mas moving on, é uma iniciativa mesmo muito interessante. Para além da secção de competição, constituída unicamente por produções europeias (relativamente desconhecida, pelo menos para nós), o festival programou em ante-estreia nacional filmes de autores consagrados, como Youth Without Youth, de Francis Ford Coppola (que desiludiu, ao que temos apurado), Eastern Promises, de David Cronenberg (o qual, pelo contrário, é bastante elogiado), Paranoid Park, de Gus Van Sant, La Recta Provincia, de Raoul Ruiz, ou 4 Luni, 3 Saptamani si 2 Zile, do realizador Cristian Mungiu, distinguido com a Palma de Ouro do Festival de Cannes este ano. Decorrem simultaneamente retrospectivas integrais da obra de Pedro Almodóvar e de David Lynch, bem como master classes relacionadas (obviamente!) com várias vertentes do Cinema.

Mais informações aqui.

Lições (várias)

Temos consagrado as últimas aulas à preparação do ciclo de cinema "Retratos de Violência", com início já AMANHÃ! Isto implicou a redacção de uma folha técnica e crítica do filme "Uma História de Violência", a elaboração de um questionário, e mais ainda, a tentativa de superar as adversidades impostas pelo material electrónico do auditório 1, nomeadamente a avaria de uma lâmpada do projector e o "eclipse" das legendas!


sábado, 10 de novembro de 2007

R.I.P Norman Mailer

Norman Mailer (1923-2007), escritor, jornalista, dramaturgo, argumentista e realizador. Um inconformado, sempre intelectualmente independente. Uma perda arrasadora.

Trailer - A History of Violence

Para aguçar o apetite!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Ciclo de Cinema: Retratos de Violência

“Os homens têm uma preparação inata para a agressão como exercício de autodefesa. Se esta lhes é limitada, aparece a violência como frustração.” Agustina Bessa Luís, in A Ronda da Noite, 2006.


Uma História de Violência, David Cronenberg



Duração: 96 min



Elenco: Viggo Mortensen, Maria Bello, Ed Harris, William Hurt



Sexta-Feira, 16 de Novembro, 16:00

Auditório do Pavilhão 1

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Pedimos sinceras...


... desculpas pelo lastimável estado de abandono a que votamos o nosso blog. Esperem notícias brevemente!

As muitas dúvidas do protagonista de Aurora, filme realizado por F.W. Murnau em 1927

sábado, 27 de outubro de 2007

Trailer - I'm Not There, de Todd Haynes

A propósito da exibição ontem na RTP 2 do documentário No Direction Home, de Martin Scorsese, centrado numa das figuras mais relevante da cultura do século XX, Bob Dylan, e no seu impacto na música popular ( é pouco dizer que nunca mais foi a mesma!), colocamos aqui o trailer de um dos mais aguardados filmes do momento, I'm Not There.

O icónico autor é retratado por seis actores diferentes (incluíndo a sublime Cate Blanchett e um desconhecido rapaz negro, Marcus Carl Franklin), expressando as diferentes idades, fases e vertentes do universal génio de Bob Dylan, o maior artista, poeta, agitador do nosso tempo. A narrativa não linear assemelha-se ao lado poético particular das suas canções. A que acompanha o trailer é uma das nossas favoritas, Like a Rolling Stone! Enjoy!

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Lição nº 10

Procuramos nestes últimos 90 minutos aprofundar a nossa relação "profissional" com a Cinemateca Portuguesa, que muito simpaticamente tem colaborado com o nossa demandada. Disponibilizaram, entre outras, as "folhas" com informação técnica/estética/histórica/crítica sobre muitos dos filmes que pretendemos projectar. E, para além disso, enviamos já 3 datas em que é possível visitar as instalações da Cinemateca e do Museu do Cinema, em Lisboa.


Mais ainda, descobrimos nas estantes da biblioteca três livros que articulam questões importantes para a nossa reflexão: o cinema contemporâneo e seus principais autores, o cinema, Arte e Indústria e Conversas com Manoel de Oliveira.





Cartaz de Francisca, realizado por Manoel de Oliveira em 1981

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Kill Bill (2003), Quentin Tarantino - Showdown at The House of Blue Leaves

O Mestre Tarantino filma, na boa tradição dos seus mentores, quer no western spaghetti quer nos filmes de artes marciais, uma cena soberbamente coreografada, com certeiros e fluídos movimentos de camâra, e o mais incomodativo dos temas: a carnificina. Não para Tarantino, que a transforma num bailado em tons de vermelho, amarelo e negro.

Lição nº 9

Começamos hoje a estudar a melhor forma de organizar as sessões de projecção de filmes, que pretendemos iniciar ainda este mês, e num rácio ainda a determinar, mas que deverá ser de um a dois filmes mensais. Ficou decidido que o primeiro ciclo temático será devotado à violência e ao crime (um bocadinho sensacionalista é verdade, mas dadas as circunstâncias…), e aos perturbantes estudos psicológicos que vários cineastas (Scorsese, Cronenberg, Tarantino, Mann, Melville…) dedicaram a este sempre pungente tema, e às suas múltiplas variações.
O Conselho Executivo deu permissão, e há ainda a possibilidade (remota) de podermos prolongar o ciclo ao Solar do Vinho do Porto (figas, figas), ampliando consideravelmente o nosso auditório.
De qualquer maneira, vamos dando notícias, sobre horários e locais, aqui no blog.


A paranóia e a frustração de Jake La Mota (Robert de Niro), o Touro Enraivecido do título deste excepcional colosso fílmico, realizado por Martin Scorsese em 1980, não se esgotam no ringue de boxe, mas perseguem-no, consumando o seu perfil auto-destrutivo.

sábado, 13 de outubro de 2007

The Great Train Robbery


O Grande Assalto ao Comboio, realizado em 1903 por Edwin Porter, é considerado por várias razões um marco na história do Cinema. Apesar dos pouco mais de 10 minutos de duração, é tido como o primeiro western, e utilizava já (ainda que timidamente) técnicas como a montagem paralela (alternância entre planos de duas sequências) ou fotografia de dupla exposição, que permitia visualizar o vermelho e o amarelo.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Lição nº 8

Na aula transacta, deixamos claros todos os pontos referentes à planificação e calendarização do projecto. Assim, esperamos ter concluída, até ao final do 1º período, toda a recolha de informação necessária à perfeita conclusão do manuscripto do trabalho, o qual pretendemos finalizar aquando do término do 2º período. A apresentação do documentário ocorrerá em meados do 3º período. Em simultâneo, e durante todos os períodos, pretendemos, "se a tanto nos ajudar o engenho e a arte", projectar filmes no auditório da escola. Planeamos ainda visitar a Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, algures durante o ano lectivo.




Parada triunfal, guiada por Guido Anselmi (Marcello Mastroianni), no final de 8 1/2, de Federico Fellini

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Divisão de tarefas

António Freitas nº3






> Origem do cinema; Primeiros aparelhos; Cinema Mudo; Primeiros filmes; expressionismo alemão, ascensão de Hollywood nas décadas 10 e 20




Carolina Janeiro nº5




>O aparecimento do som; cinema nos anos 30 a 50; a era dourada de Hollywood; os géneros; neo-realismo italiano





José Miguel Barbosa nº14






>Cinema nas décadas de 60 e 70: Nouvelle Vague; a política dos autores; Nova Hollywood; aparecimento do Blockbuster





Tiago Carvalho nº24



>Dos anos 80 à actualidade: tendências contemporâneas

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Lumière: L'Arrivée d'un train à La Ciotat (1895)

A Chegada do Comboio à Estação (1885), dos irmãos Lumière, é o primeiro registo visual do cinematógrafo por eles inventado. São estes, pois, os primeiros 48 segundos da História do Cinema.

Lição nº 7



Durante a aula de hoje, procurámos cumprir um grande número de diferentes tarefas, de forma a completar a fase inicial de planificação do projecto. Não sendo o mais empolgante de todo o trabalho, exige de nós esforço e concentração acrescidos.

Assim sendo, descrevemos de forma resumida o produto final pretendido, resumimos os nossos objectivos, bem como o material a utilizar, quem pretendemos que nos auxilie e dividimos os assuntos a desenvolver individualmente.


O realizador Vincente Minelli dá instruções no set à actriz Lana Turner

(The Bad and the Beautiful, 1952)

Justificação do projecto

Durante as duas primeiras semanas após a escolha (sem dificuldades) do grupo, passamos à árdua tarefa da escolha do tema. De início, e porque todos gostamos de Biologia, a escolha recaiu num tema relacionado com a disciplina. Assim, e embora temas como a Neurologia, a Genética Forense ou a Medicina Molecular fossem bastante aliciantes, permitindo-nos aplicar e conjugar conhecimentos da Biologia com trabalho a nível laboratorial, optamos finalmente por um tema mais empolgante e sensível, o Cinema, a sua história e linguagem, o que comportará uma recolha de fotogramas, de planos, personagens, realizadores, muitos desconhecidos, outros dos quais guardamos as mais inflamadas memórias. Na verdade, o Cinema guia-nos e dá-nos todas as lições de vida. Não se esgota na visualização, antes projecta-se constantemente para o quotidiano. Um filme nunca acaba quando a luz acende. Não, vai abrindo caminho pela memória, justapondo-se ou mesclando-se com as nossas próprias. É esta a definição de cinefilia, do “amor ao cinema”.
A beleza e a ousadia, as vivências que recebemos de horas sem fim de projecção levam-nos a criativamente recriar e arbitrariamente confrontar momentos ímpares do Cinema, traçando uma viagem pessoal pelo meio.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007